A doutoranda Nelyana Oliveira apresentou o trabalho intitulado “Impacts of maternal exposure to bisphenol F (BPF) and AF (BPAF) on thyroid function in Wistar rats: Effects during lactation and adulthood” durante a XXXIX Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE 2025), promovida pela Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFis). Orientado pelas professoras Andrea Ferreira e Patricia Lisboa (UERJ) e pelo professor Leandro Miranda-Alves, o estudo foi finalista do Prêmio SBFis - Álvaro Ozório de Almeida e recebeu menção honrosa.
A pesquisa investiga os efeitos da exposição materna aos análogos do bisfenol A — BPF e BPAF — sobre a função tireoidiana em ratos Wistar, com foco nos períodos de lactação e na vida adulta dos filhotes. Considerados desreguladores endócrinos, esses compostos têm potencial para interferir na função da tireoide e induzir programação metabólica quando a exposição ocorre em fases críticas do desenvolvimento. As mães foram expostas a duas doses de BPF e BPAF (10 µg e 50 µg) durante a lactação. Foram avaliados parâmetros tireoidianos, oxidativos e hormonais em mães e filhotes, de ambos os sexos, ao desmame e na fase adulta.
Os resultados mostram que fêmeas expostas ao BPF apresentaram redução significativa na atividade da enzima DUOX, enquanto nos machos foi observado um aumento dessa atividade. As mães tratadas com BPF em menor dose tiveram aumento de enzimas envolvidas na síntese hormonal. Já o BPAF causou alterações na expressão de genes tireoidianos. Na vida adulta, os machos expostos ao BPAF mostraram redução na expressão de genes-chave da tireoide, aumento nos níveis de T4 e TSH e elevação do estresse oxidativo. Por outro lado, as fêmeas adultas expostas apresentaram queda na atividade de enzimas antioxidantes, ainda que seus níveis hormonais tireoidianos tenham permanecido inalterados.
Esses achados indicam que a exposição precoce ao BPF e BPAF pode induzir disfunções tireoidianas com efeitos dependentes do sexo e da fase da vida. Os efeitos persistentes, mesmo com doses consideradas baixas, associados ao estresse oxidativo e à desregulação hormonal, reforçam o risco de uma programação metabólica da função tireoidiana. Os resultados contribuem para o debate sobre a segurança dos substitutos do BPA e ressaltam a necessidade de avaliações toxicológicas mais rigorosas quanto aos seus impactos no desenvolvimento.










